Figuras sonoras
Aliteração
repetição de sons consonantais
(consoantes).
Cruz e Souza é o melhor exemplo
deste recurso. Uma das características marcantes do Simbolismo, assim como a
sinestesia.
Ex: "(...) Vozes veladas,
veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos velhos
vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." (fragmento de
Violões que choram. Cruz e Souza)
Assonância
repetição dos mesmos sons
vocálicos.
Ex: (A, O) -
"Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral."
(Caetano Veloso)
(E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
(E, O) - "O que o vago e incóngnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Paranomásia
o emprego de palavras parônimas
(sons parecidos).
Ex: "Com tais premissas
ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre Antonio Vieira)
Onomatopéia
criação de uma palavra para imitar
um som
Ex: A língua do nhem
"Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para
falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando
sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." (Cecília Meireles)
Figuras de sintaxe
Elipse
omissão de um termo ou expressão
facilmente subentendida. Casos mais comuns:
a) pronome sujeito, gerando sujeito
oculto ou implícito: iremos depois, compraríeis a casa?
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas.
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda.
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse:
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar de o estádio Maracanã
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas.
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me entenda.
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse:
Zeugma
omissão (elipse) de um termo que já
apareceu antes. Se for verbo, pode necessitar adaptações de número e pessoa
verbais. Utilizada, sobretudo, nas or. comparativas. Ex: Alguns estudam, outros
não, por: alguns estudam, outros não estudam. / "O meu pai era paulista /
Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano."
(Chico Buarque) - omissão de era
Hipérbato
alteração ou inversão da ordem
direta dos termos na oração, ou das orações no período. São determinadas por
ênfase e podem até gerar anacolutos.
Ex: Morreu o presidente, por: O
presidente morreu.
Obs1.: Bechara denomina esta figura
antecipação.
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, Rocha Lima e Celso Cunha denominam-na sínquise
Obs3.: RL considera anástrofe um tipo de hipérbato
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente, Rocha Lima e Celso Cunha denominam-na sínquise
Obs3.: RL considera anástrofe um tipo de hipérbato
Anástrofe
anteposição, em expressões
nominais, do termo regido de preposição ao termo regente.
Ex: "Da morte o manto lutuoso
vos cobre a todos.", por: O manto lutuoso da morte vos cobre a todos.
Obs.: para Rocha Lima é um tipo de
hipérbato
Pleonasmo
repetição de um termo já expresso,
com objetivo de enfatizar a idéia.
Ex: Vi com meus próprios olhos.
"E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu
contentamento." (Vinicius de Moraes), Ao pobre não lhe devo (OI
pleonástico)
Obs.: pleonasmo vicioso ou
grosseiro - decorre da ignorância, perdendo o caráter enfático (hemorragia de
sangue, descer para baixo)
Assíndeto
ausência de conectivos de ligação,
assim atribui maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas or. coordenadas.
Ex: "Não sopra o vento; não
gemem as vagas; não murmuram os rios."
Polissíndeto
repetição de conectivos na ligação entre
elementos da frase ou do período.
Ex: O menino resmunga, e chora, e
esperneia, e grita, e maltrata. "E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens
e os ventos / e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito
(...)" (Carlos Drummond de Andrade)
Anacoluto
termo solto na frase, quebrando a
estruturação lógica. Normalmente, inicia-se uma determinada construção
sintática e depois se opta por outra.
Eu, parece-me que vou desmaiar. /
Minha vida, tudo não passa de alguns anos sem importância (sujeito sem
predicado) / Quem ama o feio, bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre
termos da oração)
Anáfora
repetição de uma mesma palavra no
início de versos ou frases.
Ex: "Olha a voz que me resta /
Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por
favor." (Chico Buarque)
Obs.: repetição em final de versos
ou frases é epístrofe; repetição no início e no fim será símploce.
Classificações propostas por Rocha Lima.
Silepse
é a concordância com a idéia, e não
com a palavra escrita. Existem três tipos:
a) de gênero (masc x fem): São
Paulo continua poluída (= a cidade de São Paulo). V. Sª é lisonjeiro
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal)
Antecipação
antecipação de termo ou expressão,
como recurso enfático. Pode gerar anacoluto.
Ex.: Joana creio que veio aqui
hoje.
O tempo parece que vai piorar
O tempo parece que vai piorar
Obs.: Celso Cunha denomina-a
prolepse.
Figuras de palavras ou tropos
(Para Bechara alterações
semânticas)
Metáfora
emprego de palavras fora do seu
sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, sem termo
comparativo.
Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo.
Encontrei a chave do problema. / "Veja bem, nosso caso / É uma porta
entreaberta." (Luís Gonzaga Junior)
Obs1.: Rocha Lima define como
modalidades de metáfora: personificação (animismo), hipérbole, símbolo e
sinestesia. ? Personificação - atribuição de ações, qualidades e sentimentos
humanos a seres inanimados. (A lua sorri aos enamorados) ? Símbolo - nome de um
ser ou coisa concreta assumindo valor convencional, abstrato. (balança =
justiça, D. Quixote = idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal
das cores)
Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas
Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas
Catacrese
uso impróprio de uma palavra ou
expressão, por esquecimento ou na ausência de termo específico.
Ex.: Espalhar dinheiro (espalhar =
separar palha) / "Distrai-se um deles a enterrar o dedo no tornozelo
inchado." - O verbo enterrar era usado primitivamente para significar
apenas colocar na terra.
Obs1.: Modernamente, casos como pé
de meia e boca de forno são considerados metáforas viciadas. Perderam valor
estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre seres.
Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora
Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora
Metonímia
substituição de um nome por outro
em virtude de haver entre eles associação de significado.
Ex: Ler Jorge Amado (autor pela
obra - livro) / Ir ao barbeiro (o possuidor pelo possuído, ou vice-versa -
barbearia) / Bebi dois copos de leite (continente pelo conteúdo - leite) / Ser
o Cristo da turma. (indivíduo pala classe - culpado) / Completou dez primaveras
(parte pelo todo - anos) / O brasileiro é malandro (sing. pelo plural -
brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela obra - copos).
Antonomásia, perífrase
substituição de um nome de pessoa
ou lugar por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique. Fusão
entre nome e seu aposto.
Ex: O mestre = Jesus Cristo, A
cidade luz = Paris, O rei das selvas = o leão, Escritor Maldito = Lima Barreto
Obs.: Rocha Lima considera como uma
variação da metonímia
Sinestesia
interpenetração sensorial,
fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, audição, gustação e tato).
Ex.: "Mais claro e fino do que
as finas pratas / O som da tua voz deliciava ... / Na dolência velada das
sonatas / Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito luz, eram
volatas / Em lânguida espiral que iluminava / Brancas sonoridades de cascatas
... / Tanta harmonia melancolizava." (Cruz e Souza)
Obs.: Para Rocha Lima, representa
uma modalidade de metáfora
Anadiplose
é a repetição de palavra ou
expressão de fim de um membro de frase no começo de outro membro de frase.
Ex: "Todo pranto é um
comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados."
Figuras de pensamento
Antítese
aproximação de termos ou frases que
se opõem pelo sentido.
Ex: "Neste momento todos os
bares estão repletos de homens vazios" (Vinicius de Moraes)
Obs.: Paradoxo - idéias
contraditórias num só pensamento, proposição de Rocha Lima ("dor que
desatina sem doer" Camões)
Eufemismo
consiste em "suavizar"
alguma idéia desagradável
Ex: Ele enriqueceu por meios
ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado)
Obs.: Rocha Lima propõe uma
variação chamada litote - afirma-se algo pela negação do contrário. (Ele não
vê, em lugar de Ele é cego; Não sou moço, em vez de Sou velho). Para Bechara,
alteração semântica.
Hipérbole
exagero de uma idéia com finalidade
expressiva
Ex: Estou morrendo de sede (com
muita sede), Ela é louca pelos filhos (gosta muito dos filhos)
Obs.: Para Rocha Lima, é uma das
modalidades de metáfora.
Ironia
utilização de termo com sentido
oposto ao original, obtendo-se, assim, valor irônico.
Obs.: Rocha Lima designa como
antífrase
Ex: O ministro foi sutil como uma
jamanta.
Gradação
apresentação de idéias em
progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
Ex: "Nada fazes, nada tramas,
nada pensas que eu não saiba, que eu não veja, que eu não conheça
perfeitamente."
Prosopopéia, personificação, animismo
é a atribuição de qualidades e
sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.
Ex: "A lua, (...) Pedia a cada
estrela fria / Um brilho de aluguel ..." (Jõao Bosco / Aldir Blanc)
Obs.: Para Rocha Lima, é uma
modalidade de metáfora
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